Nos EUA, “geração Y” está mais preocupada com o pé-de-meia

No que se refere a poupar dinheiro, a geração Y começa a se perguntar: “por que não?” Os mais jovens vêm percebendo que, se começarem a poupar mais cedo para a aposentadoria, maior será o pé-de-meia quando, enfim, quiserem usá-lo. Em consequência, passaram a buscar formas de mudar seus hábitos de poupança. Essa é uma lição importante a ser levada em conta por uma geração nascida entre 1979 e 1991 e que entrou na população economicamente ativa em meio à crise financeira. Esses jovens adultos agora precisam pensar em como prosperar.

Há mais pessoas da geração Y à procura de conselhos sobre como administrar as finanças do que as de qualquer outra geração, segundo pesquisa elaborada pela Merrill Edge. Entre os membros da Geração Y, 84% dos consultados buscaram assessoria sobre finanças, em comparação aos 76% das demais faixas etárias. “Eles querem agir”, disse Alok Prasad, chefe da Merrill Edge, parceria do Bank of America na gestão de investimentos.

Um total de 83% da geração Y contribui com os chamados planos 401 (k), de previdência com tributação diferida, 8% a mais do que há dez anos, segundo a Fidelity. E para aqueles que, por apatia não fazem nada, há a inscrição automática. O número de empresas que optam por registrar automaticamente os funcionários em planos 401 (k) cresce 25% por ano, de acordo com a T. Rowe Price.

A geração U se depara com a seguinte situação: para manter um padrão de vida similar na aposentadoria, vai precisar economizar de 15% a 20% de sua renda anual a partir dos 25 anos, segundo a vice-presidente de serviços de investimentos na T. Rowe Price, Christine Fahlund. Embora a geração Y não venha obtendo sucesso total nessa tarefa – a contribuição média é de 4% dos atuais salários, segundo a T. Rowe Price –, mesmo essas poucas economias podem ir longe.

Quando um investidor começa a poupar ainda jovem, desde que se mantenha empregado, os juros compostos podem tornar pequenas poupanças em grandes somas. Um jovem de 25 anos que ganhe US$ 45 mil por ano e contribua com 4% do salário provavelmente terá economizado US$ 160,5 mil aos 50 anos e US$ 564 mil aos 65 anos, segundo a T. Rowe Price. Alguém que economize 6% terá US$ 240,7 mil aos 50 anos e US$ 846 mil aos 65 anos. Ou seja, com apenas 2% a mais de contribuição, a diferença no fim pode ser de 50%.

Yvonne Reed, 29 anos, passou a contribuir com 10% do salário em seu plano 401 (k) quando começou a trabalhar em uma grande empresa do setor de lazer em Orlando, Flórida, em 2007, aos 24 anos. “O que pensei foi: tenho mais dinheiro agora do que preciso para meus gastos, então, o que fazer com isso?”, disse. “Poderia comprar um apartamento, pagar as dívidas de estudo ou poderia investir.” Até agora, Reed economizou US$ 50 mil em seu plano 401 (k).

A forma como os jovens poupadores distribuem seus investimentos é tão importante quanto o simples ato de poupar. Empresas de planejamento financeiro como a Merril Edge e a T. Rowe Price oferecem muitas informações em seus sites sobre como usar seus produtos. A geração dos “boomers”, nascidos no pós-guerra e que estão por se aposentar em breve, no entanto, ainda recebe mais atenção do que a dos jovens investidores.

Para ocupar essa lacuna, algumas empresas vêm oferecendo assessoria financeira a preços baixos para jovens investidores. Por exemplo, o LearnVest, um site voltado a finanças pessoais para o público feminino, começou a prestar neste ano consultoria em investimentos. Essa abordagem especializada é necessária porque a situação da geração Y em relação aos investimentos é diferente da de seus pais “boomers”, que não podem colocar muito dinheiro em ações por não ter tempo suficiente para esperar por uma recuperação.

A geração mais jovem, contudo, parece mais preocupada do que as demais com o possível impacto da economia em sua poupança. O estudo da Merrill Edge revelou que 83% da geração Y teve essa preocupação, acima da média nacional, de 75%. Os jovens adultos não deveriam deixar esse receio afetar sua tolerância a riscos nos investimentos. A geração Y deveria ver os mercados em baixa de forma oposta – quando os preços estão baixos, o retorno dos investimentos será maior ao longo das décadas seguintes.

Alguns investidores da geração Y mostraram ser adeptos de visões de longo prazo. “Estou poupando para o dia em que a seguridade social não corresponder ao que preciso”, disse Katie Vojtko, de 25 anos, formada em finanças e que trabalha em marketing em uma empresa iniciante de tecnologia. Ela investe US$ 5 mil em um plano especial de aposentadoria conhecido nos Estados Unidos como “Roth IRA” e planeja iniciar um 401(k) – sua empresa não oferece o plano automaticamente em seu pacote de benefícios.

Investir durante um período econômico ruim assusta seu namorado, mas Katie aproveita a oportunidade para poupar. “Posso estar investindo em um mau momento da economia, mas não ligo”, disse. “Um dia, esse dinheiro vai pagar a faculdade de meus filhos”.

Fonte: Valor (Heather Struck, Reuters, de Nova York)